Rastrebilidade de Bovinos

Padronização, Rastreabilidade e Certificação de Animais e

seus Produtos

Ana Maria Bridi

Universidade Estadual de Londrina

Departamento de Zootecnia

INTRODUÇÃO

Em todo o mundo, os produtos de origem animal proporcionam um sexto da

energia e mais um terço da proteína da alimentação humana. Para atender a

demanda crescente por produtos de origem animal, as condições em que os

animais são produzidos, processados e comercializados, têm passado por muitas

mudanças que geraram algumas conseqüências como a falta de bem-estar dos

animais, aparecimento de dioxinas nas rações animais, toxinfecções de origem

alimentar, Encefalopatia Espongiforme Bovina (doença da vaca louca) e o

aumento da prevalência de microorganismos resistentes aos antibióticos.

A soma destes problemas resultou em uma mudança no conceito e na

percepção da qualidade dos produtos de origem animal. A pressão por parte dos

consumidores é que esses produtos possuam origem conhecida, tenham

qualidade e sejam seguros à saúde.

Assim, além da qualidade nutricional (proteína, perfil de ácidos graxos,

vitaminas e minerais), tecnológica (pH, capacidade de retenção de água, gordura)

e visual (cor e textura), outros aspectos passaram a definir a qualidade dos

produtos de origem animal, como:

1. Segurança alimentar (livre de resíduos físicos, químicos e biológicos);

2. Segurança sanitária (que impeçam ou diminuam o risco de disseminação

de doenças);

3. Bem-estar dos animais nos sistemas de produção de carne;

4. Sistemas de produção que garantam a sustentabilidade do sistema;

5. Garantia da qualidade de vida do trabalhador rural.

Para garantir essa qualidade da carne, vários países aprovaram leis com o

propósito de criar padrões para as carnes e seus derivados, através de sistemas

normativos, inspecção, rastreabilidade e certificação desde a fazenda até o

consumidor, na tentativa de garantir a integridade de toda a CADEIA

PRODUTIVA.

Padronização e Certificação

A padronização envolve o estabelecimento de procedimentos de produção,

de controle de matéria-prima utilizada na alimentação, manejo pré-abate, manejo

do abate, classificação e tipificação das carcaças, resfriamento, embalagem e

transporte. A padronização da carne e seus produtos refere-se ao estabelecimento

comum

 

e estável

de normas para identificação dos animais e seus produtos,

rastreabilidade e certificação, ou seja, além de padronizar os seus processos,

 

essas padronizações precisam ser certificadas.

 

A padronização depende, então, de normas oficiais, formação de auditores

 

internos e externos das normas técnicas para os elos da cadeia produtiva que

 

assegurem a integridade do sistema de qualidade.

 

A padronização contribui para aperfeiçoar o fluxo de informações e o

 

entendimento entre os agentes sócio-econômicos envolvidos na cadeia da carne.

 

É também através da padronização que é garantida grande parte da inocuidade e

 

valor nutricional do alimento.

 

Na produção animal e na transformação de seus produtos a padronização é

 

dependente dos objetivos que se quer atingir. O governo, por exemplo, por

 

intermédio do MAPA (Ministério da Agricultura, Pecuário e Abastecimento)

 

regulamentou o processo

 

PADRÃO

de rastreabilidade de bovinos, de

classificação e tipificação e de etiquetagem da carne.

 

A produção de carne orgânica possui uma padronização de como devem

 

ser criados (alimentação, medicamentos, densidade) os animais para esse

 

destino.

 

As

 

 

alianças mercadológicas

(cadeias verticais) funcionam como uma

ferramenta no processo da padronização, rastreabilidade e certificação. A aliança

 

mercadológica na cadeia bovina é definida como sendo uma iniciativa conjunta de

 

produtores, frigoríficos e supermercados visando o fornecimento de um produto de

 

qualidade para o consumidor. Assim, os segmentos da cadeia ficam sintonizados,

 

buscando o maior número de informações possíveis das etapas de produção e

 

repassá-las aos consumidores. As alianças mercadológicas seguem uma

 

padronização de raça, alimentação, idade de abate entre outros, visando á

 

obtenção de um produto com um padrão pré-estabelecido (peso da carcaça, grau

 

de marmoreio, conformação, acabamento).

 

Também as empresas integradoras de suínos e aves estabelecem padrões

 

de produção definindo raças, linhagens, manejo, alimentação, controle de

 

resíduos, peso de abate, classificação e tipificação de carcaças, resfriamento e

 

embalagem que dependerá do mercado que se quer atender.

 

Atualmente, o comércio internacional, principalmente o Europeu e o

 

Japonês requerem dos seus fornecedores a implantação de processos de controle

 

de qualidade, para certificar que os produtos ofertados estão de acordo com os

 

padrões exigidos.

 

Assim,

 

 

 

Boas práticas de produção e fabricação, APPCC (Análise de

Perigos e Pontos Críticos de Controle) e ISOS

 

 

 

(Organização Internacional de

Padronização) são utilizados para atender a exigência que o produto tenha o

 

padrão pré-estabelecido.

 

A padronização, além da qualidade e da segurança do alimento também

 

pode incluir o sistema de produção, o qual deverá estar de acordo com a

 

legislação ambiental, ser socialmente justo, economicamente viável e que respeite

 

o bem-estar dos animais.

 

Um exemplo de padronização são as ISOS. Em 2005, foi publicada a ISO

 

22000 de gestão de segurança alimentar que estipula um complexo método de

 

administração de todas as práticas de segurança alimentar, compreendendo

 

desde os produtos primários até a distribuição final, passando pela refrigeração e

 

condições de estocagem.

 

Os sistemas de gestão de qualidade como EUROPGAP (Eurepean

 

Retaliers Produce Working Group), APPCC, Boas Práticas de Produção entre

 

outros, possuem legislação própria para padronização dos processos.

 

A EUREPGAP originou-se em 1997, na Europa, por iniciativa dos varejistas

 

e supermercados. É um processo de certificação voluntário, que estabelece uma

 

estrutura de Boas Práticas de Produção visando melhorar a qualidade dos

 

produtos da indústria alimentícia. Os aspectos que englobam as normas da

 

EUREPGAP são: a

 

 

rastreabilidade

para assegurar o acompanhamento de toda a

cadeia produtiva; técnicas de produção visando

 

 

 

minimizar o impacto dos

resíduos

 

 

 

nos alimentos, nos seres humanos e no meio ambiente; proteção ao

meio ambiente;

 

 

aspectos higiênicos

para evitar a contaminação química, física e

biológica, assegurando a inocuidade dos alimentos;

 

 

aspectos sociais

, enfocando

um ambiente de trabalho adequado às necessidades trabalhistas e sanitárias.

 

Porém, a padronização dos processos e adoção de sistemas de gestão não

 

são eficientes se não forem acompanhados de certificação.

 

 

A certificação

é a

garantia de que o produto apresenta a qualidade especificada na rotulagem e é

 

também, uma forma de evitar ações oportunistas por parte de produtores ou

 

empresas com a propaganda enganosa.

 

A certificação de produtos, processos ou serviços e de sistemas de gestão

 

pessoal é, por definição, realizado por terceira parte (governamental ou privada) e

 

possui dois objetivos principais:

 

 

 

instrumento para as empresas gerenciarem e garantirem o nível de

qualidade de seus produtos;

 

 

 

informar e garantir aos consumidores que os produtos certificados

possuem os atributos procurados.

 

A certificação de terceira parte envolve três fatores: normas, órgãos

 

certificadores e organismos credenciadores, portanto devem possuir um agente

 

regulamentador (que dita as normas ou utiliza normas já existentes), que pode ser

 

o governo ou uma instituição internacional, e um agente coordenador (órgão

 

certificador que coordena o processo), que pode ser uma associação privada ou

 

uma empresa estatal.

 

Os principais benefícios da certificação para o consumidor são:

 

 

 

obtenção de informação imparcial sobre o produto e sua respectiva

qualidade, podendo dessa forma, melhorar seu critério de escolha,

 

garantindo a qualidade dos produtos adquiridos, além da facilidade de

 

avaliação entre preço e desempenho do produto comprado.

 

Para o fornecedor:

 

 

 

a presença de certificados de qualidade pode significar o acesso a

novos nichos de mercado;

 

– poder diferenciar os produtos através dos certificados, proporcionando a

 

eles maior valor agregado.

 

 

Rastreabilidade

A rastreabilidade é um mecanismo que permite identificar a origem do

produto desde o campo até o consumidor, podendo ter sido, ou não, transformado

ou processado. É um conjunto de medidas que possibilitam controlar e monitorar

todas as movimentações nas unidades de entrada e de saída,

objetivando

a

produção de qualidade e com origem garantida.

 

A rastreabilidade possibilita ter um histórico do produto, sendo que a

 

complexidade do conteúdo deste histórico depende do objetivo a que se pretende

 

alcançar.

 

A rastreabilidade funciona como um complemento no gerenciamento da

 

qualidade e quando aplicado isoladamente

 

 

NÃO TRADUZ

segurança ao produto

nem ao processo. Deve ser agregado a outros sistemas de controle de qualidade

 

como o APPCC, Normas de Boas Práticas de Produção/Fabricação ou de ISOS.

 

A rastreabilidade tem diversas finalidades:

 

 

 

Fornecer informações aos consumidores;

 

 

Assegurar que apenas produtos de qualidade e permitidos entrem no

sistema;

 

 

 

Identificar clara e explicitamente produtos que são diferentes, mas que

se parecem a ponto de serem confundidos entre si;

 

 

 

Controlar o deslocamento de animais e seus produtos com objetivo de

sanidade;

 

 

 

Permite o retorno de produto suspeito numa base precisa;

 

 

Localizar falhas e tomar medidas corretivas;

 

 

Controlar a segurança e qualidade dos alimentos.

Um sistema de rastreamento eficiente deve ser composto de normas e/ou

 

referências da qualidade que objetivem:

 

 

 

Garantir e preservar;

 

 

Procedimentos estabelecidos;

 

 

Relação de insumos permitidos e proibidos;

 

 

Períodos de carência ou transição baseados em normas;

 

 

Exigência dos produtores para que mantenham comprovantes de

compras e vendas;

 

 

 

Auditorias e vistorias surpresas e periódicas.

As entidade governamentais estão preocupadas em implementar a

 

rastreabilidade em seus países para garantir a biossegurança, a segurança

 

alimentar e o bem-estar dos animais de produção. Entretanto, o interesse das

 

empresas privadas está mais voltado em agregar valor aos seus produtos através

 

da rastreabilidade.

 

Um produto rastreado deve passar por um processo de certificação do

 

sistema.

 

 

A certificação

representa um conjunto de procedimentos pelo qual uma

entidade certificadora -imparcial ou independente – reconhece e atesta que o

 

produto atende a requisitos pré-estabelecidos. Deve ser feito por um organismo

 

independente que atesta através de um sistema de rastreabilidade, onde atua

 

como uma ferramenta de qualidade e fornece as diretrizes básicas de controle.

 

As informações requeridas são fornecidas através de um sistema de

 

 

rotulagem

 

demonstrando os registros feitos da cadeia produtiva e assegurando a

qualidade ao consumidor.

 

A rotulagem prevê uma associação entre os elos da cadeia, permitindo a

 

transferência das informações de um segmento a outro. Para isso, é necessário

 

identificar o produto.

 

O princípio básico de qualquer sistema de

 

identificação

implica em que

cada um seja único e inequívoco, permanente, insubstituível e positivo, isto é, sem

 

gerar dúvidas.

 

A identificação por si só não possui nenhum significado, por isso deve estar

 

interligada a um sistema central de armazenamento de dados, que permite o

 

acesso a todos os elos da cadeia produtiva, inclusive para o consumidor.

 

A rastreabilidade da carne requer um método para identificar os animais,

 

carcaças ou cortes em suas embalagens e configurações de

 

transporte/estocagem, em todos os estágios da cadeia de suprimentos. Números

 

de identificação devem ser aplicados e registrados de maneira acurada, para

 

assegurar uma ligação entre si.

 

A rastreabilidade tem que ser ascendente e descendente, ou seja, deve ser

 

capaz de rastrear do animal até o produto final e a partir do animal toda a origem

 

de sua alimentação, medicamentos etc.

 

 

Rastreabilidade da Carne Bovina

A cadeia da carne é composta por vários segmentos que vão desde os

produtores primários, distribuidores, frigoríficos, cozinhas industriais até os setores

de armazenagem e comercialização.

Insumos

Pecuária

Frigoríficos Mercado Externo

Atacado

Açougues/ Supermercados

Consumidor

No Brasil, o MAPA (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento),

através da Instrução Normativa n°1, de 09/01/2002, instituiu o SISTEMA

BRASILEIRO DE IDENTIFICAÇÃO E CERTIFICAÇÃO DE ORIGEM BOVINA E

BUBALINA (SISBOV) que determina a Secretaria de Defesa Agropecuária

(SDA/MAPA) como responsável pela

normalização, regulamentação

,

 

implementação

 

e supervisão

das etapas de identificação e registro individual do

rebanho Brasileiro e

 

credenciamento

de entidades certificadoras, cujos dados

são inseridos no

 

 

Cadastro Nacional

do SISBOV.

O SISBOV é um conjunto de ações, medidas e procedimentos adotados

 

para caracterizar a origem, o estado sanitário, a produção e a produtividade da

 

pecuária nacional e a segurança dos alimentos provenientes dessa exploração

 

econômica. Tem como OBJETIVOS: identificar, registrar e monitorar,

 

individualmente, todos os bovinos e bubalinos nascidos no Brasil ou Importados.

 

O SISBOV aplica-se em todo o território nacional, às propriedades rurais de

 

criação de bovinos e bubalinos, às industriais frigoríficas que processam esses

 

animais, gerando outros produtos e subprodutos de origem animal e resíduos de

 

valor econômico, e às entidades credenciadas pelo MAPA como certificadoras. De

 

acordo com o MAPA, os animais devem ser inclusos no SISBOV com 90 dias de

 

antecedência ao abate.

 

O controle da identificação e movimentação dos animais registrados será

 

realizado pelas entidades certificadoras credenciadas (organizações

 

governamentais ou privadas), devendo o

 

 

 

DOCUMENTO DE IDENTIFICAÇÃO

 

constar:

 

identificação da propriedade de origem;

 

 

identificação individual do animal;

 

 

mês do nascimento ou data de ingresso na propriedade;

 

 

sexo do animal e aptidão;

 

 

sistema de criação e alimentação;

 

 

registro das movimentações;

 

 

comprovação de informação adicional para a certificação;

 

 

dados sanitários (vacinação, tratamento, programa sanitário);

No caso de animais importados deverão ser identificados o país de origem

 

e a propriedade de origem, datas da autorização de importação e de entrada no

 

país, número de guia e licença de Importação e propriedade destino.

 

Se ocorrer morte natural, acidental ou sacrifício do animal, o respectivo

 

documento de identificação deverá ser devolvido à entidade certificadora. Na

 

ocasião do abate, compete aos frigoríficos devolver ao Serviço de Inspeção

 

Federal do MAPA os documentos.

 

 

Sistema de Certificação do SISBOV

Regulamentado pela normativa n°21 de fevereiro de 2002.

Segundo a normativa, certificação é um conjunto de procedimentos

executados pela entidade certificadora credenciada pelo MAPA/SD, demonstrando

que os processos de produção e identificação de bovinos e bubalinos foram

avaliados e estão em conformidade com a regulamentação do SISBOV.

As certificadoras credenciadas e os estabelecimentos de abate devem

alimentar a

Base Nacional de Dados

(BND) que é gerenciado pela SDA/MAPA.

A Base Nacional de Dados tem como objetivos:

 

 

 

Cadastrar propriedades e locais de permanência temporária dos

animais;

 

 

 

Cadastrar os proprietários de bovinos e bubalinos;

 

 

EMITIR os códigos de identificação individual a serem usados nos

bovinos e bubalinos;

 

 

 

Registrar a data e local (país, estado, município e propriedade) de

nascimento;

 

 

 

Registrar as características raciais e sexo;

 

 

Registrar a morte, transferência, desaparecimento;

 

 

Disponibilizar os dados para que a certificadora emita o Documento de

Identificação;

 

 

 

Manter o histórico de toda a movimentação;

 

 

Registrar o manejo alimentar;

 

 

Registrar a data e local de abate.

As certificadoras credenciadas serão responsáveis por manter os dados

 

dos seus próprios sistemas, os quais terão as seguintes finalidades:

 

 

 

Cadastrar propriedades, locais de permanência temporária e de abate;

 

 

Cadastrar proprietários;

 

 

Registrar e controlar a distribuição dos códigos de identificação a serem

usados em bovinos e bubalinos;

 

 

 

Registrar a data, país, estado e município e a propriedade de

nascimento;

 

 

 

Registrar a data, estado, município e a propriedade onde foram

identificados os animais;

 

 

 

Registrar características raciais, sexo e a genealogia;

 

 

Registrar a transferência, o desaparecimento ou morte;

 

 

Registrar as vacinações, testes e outros eventos sanitários, obrigatórios

ou não;

 

 

 

Registrar o manejo alimentar;

 

 

EMITIR o documento de Identificação e certificar o manejo alimentar;

 

 

Controlar e identificar as mães doadoras e receptoras de transferência

de embriões;

 

 

 

Manter o histórico da movimentação, identificando a GTA (Guia de

Trânsito Animal);

 

 

 

Manter o registro de todas as marcas e seus detentores;

 

 

Manter o registro do abate, da morte ou desaparecimento de todos os

animais identificados;

 

 

 

Registrar a data e local de abate.

O processo de certificação consiste na inscrição do produtor no SISBOV

 

através de uma Certificadora Credenciada mediante assinatura de um Termo de

 

Compromisso. Então, é feita uma visita pelo técnico da Certificadora, o

 

cadastramento da propriedade e a seleção dos animais que se pretende inserir no

 

programa. A certificadora envia, via eletrônica, o cadastro ao Banco Nacional de

 

Dados (BND) e solicita os códigos de identificação a serem usados na

 

identificação em si.

 

É feita a identificação do animal, com o número disponibilizado pelo BND e

 

a Certificadora retorna os dados complementares ao BND tais como data

 

nascimentos, sexo, composição racial.

 

 

Identificação dos animais e seus produtos

A identificação representa o primeiro passo para um sistema de certificação

baseado na rastreabilidade de informações.

Com ela possível que seja feito o acompanhamento das informações dos

animais do nascimento até o abate, permitindo o levantamento do seu histórico e

impedindo a disseminação de doenças.

De acordo com o SISBOV o sistema de identificação individual de bovinos e

bubalinos utilizará código de 15 dígitos, emitidos e controlados pelo SISBOV,

tendo a seguinte composição: (3/2/9/1).

IN 21 (2 de abril de 2004)

 

Três dígitos iniciais caracterizando o país de origem (nascimento);

 

 

Dois dígitos subseqüentes representando a Unidade Federativa de

origem;

 

 

 

Nove dígitos subseqüentes identificando o animal;

 

 

Um dígito final verificador.

As técnicas de identificação mais usadas na bovinocultura são: colar,

 

brincos plásticos, etiquetas com código de barras, marcação a ferro quente no

 

couro entre outras. Entretanto, esses sistemas apresentam falhas na visualização

 

à longa distância e erro de leituras. Uma alternativa seria a aplicação de brincos

 

eletrônicos, que podem ser incorporados a um transponder, podendo a leitura ser

 

feita através de um display, ou de um código de barras. O código de barras

 

permite identificar o animal a partir de uma leitura por um laser.

 

A identificação também pode ser feita por microchip eletrônico, fotografia

 

digital da retina (OPTBRAND), bolus ruminal e análise do DNA.

 

Documento de Identidade (Passaporte)

 

DIA (Documento de identificação Animal)

 

No documento de identificação deverá constar:

 

 

 

Número do animal no SISBOV;

 

 

Número do animal na certificadora;

 

 

País de origem;

 

 

Raça;

 

 

Sexo;

 

 

Município e UF da propriedade de nascimento;

 

 

Município e UF da propriedade de identificação;

 

 

Data de identificação;

 

 

Data de nascimento;

 

 

Identificação da certificadora e logotipo do MAPA;

 

 

Nome e CRMV do responsável técnico da certificadora;

 

 

Código de barras do número do SISBOV;

 

 

Local para autenticação eletrônica de validação do registro animal.

A transferência das informações dos animais devem ser passadas à carne

 

e seus subprodutos, através de uma etiqueta que deve constar as seguintes

 

informações:

 

 

 

Nome e endereço do estabelecimento produtor;

 

 

Número do controle veterinário (SIF);

 

 

A expressão “Brazilian Beef” que significa que a carne é proveniente de

animais nascidos, criados e abatidos no Brasil;

 

 

 

Tipo do corte;

 

 

Nome do corte;

 

 

Data de produção;

 

 

Data de validade;

 

 

Código de rastreabilidade, que corresponde ao número do

estabelecimento de abate (SIF), data de abate, número do lote, sexo e

 

idade aproximada do animal.

 

Exemplo: Código

 

 

 

0337-12/11/98-01-1-2

0337

 

 

 

: Estabelecimento do abate

 

12/11/98

 

: data de abate

01

 

: número do lote

1

 

: indica o sexo (1= macho; 2= fêmea)

2

 

: indica a idade aproximada (1=animais até 2 anos dente de leite;

2=animais até 3 anos 2 a 3 dentes permanentes; 3=animais até 4 anos 6 a

 

8 dentes permanentes).

 

Rastreabilidade da Cadeia de Aves e Suínos

O sistema de rastreabilidade em aves deve abranger desde a produção dos

avós até os pintinhos de corte, o granjeiro que criou o lote, a ração e insumos

utilizados e o frigorífico.

Ao contrário do que ocorre com os bovinos, a identificação dos animais

deverá ser por lote e não individualmente. Para tanto, é necessário que os animais

de um mesmo lote tenham a mesma idade, origem e sejam alojados sob

condições idênticas, em uma mesma unidade de produção ou aviário.

Deve existir um banco de dados com registros de:

 

Incubatórios com rastreabilidade para a origem do ovo, data de postura,

data de incubação, performance de incubação, vacinas utilizadas, local

 

e horário de nascimento, horário de entrega e condições sanitárias de

 

incubação, nascimento, armazenagem e entrega;

 

 

 

Origem do(s) lote(s) de matrizes que originou o ovo, local de postura,

idade, linhagem, status sanitário da matriz, drogas utilizadas,

 

mortalidade/idade e desempenho zootécnico;

 

 

 

Data de alojamento dos pintos;

 

 

Mortalidade na vida do lote e suas causas;

 

 

Visitas técnicas realizadas no lote e parecer técnico;

 

 

Partidas e lotes de vacinas;

 

 

Medicações terapêuticas, nome do produto, partida, idade, período de

carência, responsável técnico;

 

 

 

Taxa de crescimento das aves (peso X idade);

 

 

Controle das partidas de ração recebidas e consumidas.

Os suínos devem ser identificados individualmente, com sistemas muito

 

parecidos daqueles utilizados nos bovinos (tatuagens e brincos).

 

Os animais deverão ter um documento de identificação individual

 

(passaporte) que deverá acompanhar o animal em todas as suas movimentações.

 

A rastreabilidade no abatedouro representa a fase mais importante no

 

processo, pois aí se estabelece a correspondência entre a granja e o número de

 

abate. O número de abate é geralmente colocado sobre o pernil de ambos os

 

lados e após a inspeção veterinária, o carimbo oficial é colocado nas principais

 

partes da carcaça. No final da linha de abate é feito um boletim referente à

 

pesagem e classificação da carne, fornecendo os dados de granja, rendimento de

 

carcaça, número de abate. No estágio de cortes, a identificação é feita pelo

 

numero codificado do lote na embalagem.

 

 

Conclusão

A qualidade da carne, envolvendo todos os seus aspectos de valores

nutricionais, sensoriais, tecnológicos, visuais, éticos e de segurança sanitária e

alimentar, somente poderá se garantida com a adoção de sistemas de

padronização da produção (como a adoção de boas práticas de produção e

fabricação, ISOS, HPPCC), da rastreabilidade e da certificação de que estas

práticas estão sendo adotadas. A cadeia da carne pode verificar a onde e quando

uma anomalia está ocorrendo, facilitando as ações corretivas e o planejamento

preventivo, visando a melhoria contínua dos produtos.

Glossário

MAPA

 

: Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento

SDA

 

: Secretaria de Defesa Agropecuária

SISBOV

 

: Sistema Brasileiro de Identificação e Certificação de Origem

Bovina e bubalina

 

DDA

 

: Departamento de Defesa Animal

BND

 

: Base Nacional de Dados

GTA

 

: Guia de Trânsito Animal

DIA

 

: Documento de Identificação Animal

RIISPOA

 

: Regulamento da Inspeção Industrial e Sanitária de Produtos de

Origem Animal

 

DIPOA

 

: Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal

Bibliografia

BORGES, J.T.S.; FREITAS,A.S. Aplicação do sistema Harzard Analysis and

Critical Control Points (HACCP) no processamento de carne bovina fresca.

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Instrução Normativa

n. 1, de 10 de janeiro de 2002

 

 

 

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